quarta-feira, 29 de abril de 2009

Aprender a Pedagogia do Amor

Porque podemos sempre evoluir na construção da nossa personalidade e com isso ajudar os jovens a construir um futuro melhor, vale a pena ler o artigo que se segue, da autoria de Nelly Beatriz M. P. Penteado. Ame-se a si mesmo e mais facilmente amará o outro, ajudado-o a crescer também.

"A PEDAGOGIA DO AMOR"

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Há muitas pessoas que optaram pelo caminho da marginalidade porque não conseguiram construir aquele “eu” que agradaria às pessoas. Talvez ninguém as odeie mais do que elas mesmas. Foi em virtude de muitos DEVERIAS, aos quais elas não conseguiram corresponder, que elas chegaram aonde estão. Elas se sentem tão em débito com esses deverias que é como se imaginassem uma dívida que jamais conseguirão saldar, pois a cada dia ela aumenta - a cada dia elas acrescentam algo que deveriam/não deveriam ter feito.

Uma outra maneira de educar as crianças é através do que chamarei de Pedagogia do Amor. E do amor incondicional. Aquele que não espera que o outro mude para começar a amá-lo. Aquele que não diz que a criança deveria ser diferente, mas que valoriza todos os seus sentimentos, comportamentos, iniciativas. Aquele amor que não tem a intenção de ter nenhum tipo de controle sobre a criança, que não quer manipular suas reacções e comportamentos e moldá-los de acordo com um padrão, ou de acordo com um objectivo que não foi traçado por ela.

Aquele amor que permite que ela simplesmente SEJA ELA MESMA. Que “deixa o rio correr”, sem apressá-lo. Que acompanha o fluir livre e leve da criança. Que jamais diz que ela não deveria sentir raiva de alguém, mas que procura compreender seus sentimentos e ensiná-la que quando não se luta contra os mesmos, eles passam por nós bem mais depressa.

Deixar o rio correr… Sempre…
Ensiná-la a reconhecer que todo comportamento tem uma intenção positiva. Se ela aprender a reconhecer isto em si mesma, terá muito mais facilidade em reconhecê-lo nos outros. Se ela aprender a ser compreensiva e paciente consigo mesma, também o será com as demais pessoas.

Se ela está sentindo inveja de alguém, ajudá-la a reconhecer que provavelmente ela tem dentro de si uma parte (um “lado”) que acredita que ela também merece ser como aquela pessoa, ou ter o que ela tem, e que não há nada de errado nisso. Se ela está com raiva de alguém que brigou com ela, talvez seja porque possui uma parte que acha que ela merecia ser tratada de uma maneira melhor. E assim por diante. Não é difícil saber a intenção positiva de nossas partes internas e aprender a valorizá-las.

Ajudá-la a confiar em seus sentimentos, sensações, intuições, em seu julgamento interno, em sua voz interior, na “voz do seu coração”. Ao invés de ficar lhe dizendo o que deveria fazer, perguntar-lhe : “O que você acha disso?” “O que você sente em relação a isso?” Ajudá-la a formar seus próprios valores incentivando a reflexão, fazendo-lhe perguntas que ajudem-na a confiar em sua sabedoria interna. Esta é a maior herança que os pais podem deixar aos filhos, já que pais não são eternos.
Mas talvez você, leitor, esteja dizendo: “Ótimo, entendi o que você disse em relação às crianças. Mas o que eu faço comigo? Com os meus DEVERIAS?”

(...)

Geralmente, por mais severos que tenham sido nossos pais, a tendência é que sejamos mais severos connosco do que eles o foram, e um pouco mais compreensivos e benevolentes em relação aos filhos.

Por este motivo, sugiro que você faça com você o que faria com a criança que citei acima. Raleie o texto e empregue as sugestões consigo mesmo. Imagine que dentro de você há uma criança e que você terá de cuidar dela pelo resto de sua vida. Você escolhe: ou você vai ser um repressor que controla, critica, diz DEVERIA a toda hora, ou você vai procurar fazê-la feliz, diverti-la, amá-la.

Só conseguimos amar, entender, aceitar as outras pessoas quando somos capazes de fazer tudo isso connosco. Quem não consegue aceitar o comportamento de alguém, quem não consegue gostar de alguém, certamente descobrirá que não consegue aceitar a si mesmo, talvez até não aceite em si aquele mesmo comportamento que não aceita no outro.
É um fato que você poderá constatar: quando paramos de lutar CONTRA nós, contra nossos sentimentos, desejos, quando passamos a ser A FAVOR de nós mesmos, o mundo responde da mesma maneira. A sua vida é o reflexo daquilo que acontece dentro de você. Se você não gosta de si mesmo, se você não se aprova, não se trata com carinho e respeito, não espere que os outros o façam. É o que se chama de AUTO-ESTIMA.
Para isso, você poderá começar a aprender a substituir o DEVERIA pelo EU PREFIRO, EU ESCOLHO, EU APRECIO, EU ME PERMITO.

(*) Nelly Beatriz M. P. Penteado é Psicóloga e Master Practitioner em Programação Neurolingüística (PNL).

Extraído de: http://site.suamente.com.br/pedagogia-do-amor/

domingo, 26 de abril de 2009

Educação com Emoções




Educação com emoções


Esta reflexão que aqui apresento é consequência de alguma das aprendizagens adquiridas na disciplina, bem como da curiosidade que me foi despertada para esta matéria e que têm sido muito importantes para a melhoria da minha actividade profissional. Assim, e porque a actividade de um professor não se resume às suas competências técnico-profissionais especificas, mas também às relações interpessoais e intrapessoais, decidi abordar a temática da inteligência emocional em contexto de aprendizagem.

Nos anos 80, Howard Gardner e a sua equipa da Universidade de Harvard propuseram que o ser humano não tinha uma ou duas inteligências (já avançadas por Alfred Binet, com a inteligência lógico-matemática e a inteligência linguística ou verbal, bem como a medição da inteligência, o QI), mas sim várias inteligências. Gardner com a teoria das inteligências múltiplas sublinha a importância da inteligência intrapessoal no auto conhecimento e da inteligência interpessoal no estabelecimento de boas relações com os outros. O conceito de educação emocional surgiu na década de noventa, e foi difundido pelas obras de Daniel Goleman destacando aqui o livro “Emotional Intelligence – Why It Matters More Than IQ” (1995) (com base no conceito de inteligência emocional, introduzido por Peter Salovey e John D. Mayer, 1990).

Ora, o educador de hoje é confrontado com esta nova realidade, e podendo verificar a diferença que existe entre um ensino cartesiano, cientifico-matemático, (tal como ao que eu fui sujeito) cuja primazia é a razão, ignorando as emoções como parte integrante do ser humano, a educação emocional visa o aluno como um ser integral, propondo uma diversificação do ensino. Jacques Delors (1996) ao defender os quatro pilares da educação (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a ser) sendo os dois últimos potenciadores da educação emocional, denuncia já a necessidade do ensino tomar novos rumos. Mas, para se assumir uma educação emocional, o professor tem que se predispor criar novas aprendizagens (se é que ainda não as tem), devendo trabalhar sobre si mesmo. Tornar-se um bom ouvinte é uma das condições para criar empatia com o outro. Reconhecendo o valor da hospitalidade o educador deve ir ao encontro do outro com a finalidade de superar os preconceitos, sabendo escutar e acolher, pois o aluno é a condição de todo ensino.

As emoções têm efeitos sobre os processos mentais, e podem afectar a percepção, a atenção, memória, razão, criatividade, etc. Geralmente, as pessoas que funcionam bem emocionalmente, realizam avaliações adequadas dos acontecimentos e gerem as emoções de forma a minimizarem os efeitos negativos e a maximizarem os positivos em cada situação. Daí ser imprescindível aprender a gerir as emoções para regular o comportamento e a impulsividade nas suas relações pessoais, sociais e até profissionais. No processo da educação emocional o professor tem o dever de “oferecer” elogios sinceros e oportunos, visando o estabelecimento de ligações afectivas e partilhar simpatia com os alunos.

O facto da educação emocional ter estado arredada da escola fez de muitos de nós (professores) analfabetos emocionais e para isso temos que nos (re)educar, trabalhando a nossa inteligência emocional para sermos capazes de decidir equilibradamente, evitando o sofrimento próprio e o alheio. Sendo possível educar as emoções, (categoria das emoções secundárias) significa que é possível ao ser humano no percurso de vida, desenvolver competências emocionais. Entende-se assim a educação emocional como um processo educativo, continuo e permanente, que tem como objectivo potenciar o desenvolvimento de competências emocionais como elemento essencial do desenvolvimento integral da pessoa, capacitando-a para a vida. Tudo isto tem como finalidade última aumentar o bem-estar pessoal e social. Educarmos as nossas crianças para os valores e afectos, alfabetizando emocionalmente, estaremos a contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equilibrada.


Bibliografia:
Escada, Angela – Faça a Diferença. 2.ª ed. Raridade Editora, 2004

Noyes, Randi B. – A Arte da Liderança Pessoal. 2.ª ed. Actual Editora, 2006

Delors, Jacques – Educação um Tesouro a Descobrir. Edições ASA, 1996

Gonçalves, José Luís - Exigências Epistemológicas nas Dinâmicas de Grupo: empatia e descentração. Apresentação das aulas (PowerPoint), ESEPF, 2009

Estanqueiro, António - Saber Lidar com as Pessoas. 15.ª ed. Editorial Presença, 2008

Chabot, Daniel - Cultive a sua Inteligência Emocional. Editora Pregaminho, 2000

Porto, 20 de Abril de 2009
José Maria Calisto Gomes

Trabalho realizado para a disciplina de:
Técnicas e Dinâmicas na Condução de Grupos
Orientada pelos professores:
João Carlos de Gouveia Faria Lopes
José Luis Almeida Gonçalves